Agradecemos ao Prof. Francisco Renzo Pereira Goulart (Quico) por nos disponibilizar este rico material sobre nossa cidade.
Águas de Lindóia, pérola das estâncias, suas águas quentes e terapêuticas já eram conhecidas pelos bandeirantes e tropeiros que por estas áreas passavam desde o séc. XVIII.
A partir de 1850, quando o café dominava grande parte de nossas exportações, terras hoje pertencentes a Amparo, Serra Negra, Socorro e também Águas de Lindóia, foram retalhadas por fazendas de café. Inúmeras famílias imigrantes europeias, principalmente italianas, vieram trabalhar como colonos nestas áreas de terras férteis e de águas puras e boas para a saúde.
Até hoje, descendentes destas famílias, fazem parte da população destas cidades, principalmente de Águas de Lindóia. Contudo, a vocação destas terras não seria a agricultura cafeeira, como se esperava, mas siam o termalismo e é neste contexto que surge Águas de Lindóia.
A beleza de seu relevo, seu clima temperado e seco, suas fontes de águas radioativas e puras vão falar mais alto na voz e comando do grande timoneiro Dr. Francisco Tozzi.
Dr. Tozzi, médico italiano (Nápoles), a convite de amigos, veio para o Brasil, em 1900, para dar assistência médica aos fazendeiros e trabalhadores do café na cidade de Socorro, juntamente com seu tio padre Henrique Tozzi.
Em 1909, Dr. Tozzi impressionado com a cura de um eczema em seu tio padre, então em Lindóia, pelas águas que jorravam de um morro denominado de "Águas Quentes", resolveu visitar esta área. Após muitas viagens, verificou e acompanhou "in loco" muitas curas de enfermidades internas (rins, fígado, etc.) e externas (doenças de pele), confirmando o grande potencial terapêutico dessas águas radioativas.
Ao saber que estas terras estavam em leilão, adquiriu-as e a partir daí, iniciou a grande epopeia da história desta estância hidromineral.
Em 1913, construiu seu pequeno consultório de pau a pique, atendendo aso doentes e em 1914, sua família residindo em Serra Negra, mudou-se para as "Águas Quentes", enfrentando toda sorte do desconforto da nova moradia e do local.
Paulatinamente, trazendo para cá, inúmeras famílias, vai construindo tudo o que era necessário para a autossuficiência de uma estância de cura e repouso: hotéis, padaria, mercearia, igreja, balneário, pomar, casa para operários, usina hidroelétrica, fábrica de gelo, marcenaria, carpintaria, engarrafamento, etc.
Em 1926, recebeu a visita de Madame Curie, cientista de renome, prêmio Nobel de Química, que analisando estas águas, constatou suas propriedades terapêuticas, tornando-as conhecidas em toda a Europa, principalmente na França, onde publicou um trabalho científico, referindo-se a estas águas radioativas.
No Brasil, graças a poderosa ação medicamentosa destas águas, foram apresentados vários trabalhos pelos grandes médicos, estudiosos de nossas fontes de águas radioativas, Dr. Celestino Bourroul e Dr. Vicente Rizzo em Congressos de Hidro Climatologia, principalmente no Rio de Janeiro.
Em 1937, aos 68 anos, morreu Dr. Tozzi, a cidade recebeu um grande choque, mas sua história continua e logo em 1938, graças ao genro,
Dr. Vicente Rizzo, médico e eminente político, conseguiu às Termas de Lindóia sua emancipação político-administrativa de Serra Negra.
Em 1946, o embaixador Macedo Soares, então governador do Estado, conhecendo a projeção adquirida por esta famosa estância, resolveu desapropriar as fontes e áreas de terra que a circundava.
Em 1954 iniciou a construção do novo balneário, terminando em 1959 e simultaneamente novo plano urbanístico começou a se concretizar com o surgimento de novas ruas asfaltadas, jardins, praças, etc.
Em 1963, iniciaram-se as obras com planos do paisagista Burle Marx, surgindo a belíssima praça Dr. Adhemar de Barros.
Hoje, Águas de Lindóia, capital termal do Brasil, tem uma das maiores redes hoteleiras do país, e é internacionalmente conhecida pelo seu potencial hidroterapêutico e turístico.